Projetos
Memória, patrimônio e turismo: narrativas e trajetórias no contexto da Política Nacional de Turismo
Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) através do Edital/Chamada MCTI/CNPq/MEC/CAPES Nº 43/2013 - Ciências Humanas, Sociais e Aplicadas
Número do processo: 409098/2013-2
Situação: concluído
Resumo: A recuperação da memória e da história da política brasileira de turismo brasileira através das trajetórias, memórias e atores envolvidos neste processo social constitui o tema deste projeto de pesquisa. A história da política de turismo no Brasil teve início em 1938 quando através do Decreto Lei n.406/38, o Governo Brasileiro criou a Comissão Brasileira de Turismo que, entre funções, exerceria a coordenação das atividades destinadas ao desenvolvimento do turismo interno e ao afluxo do estrangeiro. Essa Comissão foi extinta em 1961 e para desempenhar as atividades mais amplas que a da anterior, foi criada no ano seguinte, a Divisão de Turismo e Certames do Ministério da Indústria e do Comércio. Posteriormente, em 1966, criou-se a Empresa Brasileira de Turismo – Embratur, o Conselho Nacional de Turismo – CNTur, pois o crescimento do setor turístico, as diversas atividades já desenvolvidas pela antiga Divisão, as perspectivas de crescimento econômico e a necessidade de discussão acerca de uma Política Nacional de Turismo, conduziram a essa reforma. (SOHLA, 2004)
A partir de 1991 começou a ocorrer uma reestruturação na Embratur, resultando desta movimentação a apresentação de objetivos e diretrizes para a formulação de uma Política Nacional de Turismo (PNT), publicada de fato em 1996. No bojo da PNT, a Embratur criou o Programa Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT, cuja intenção era a de realizar um planejamento participativo a partir da metodologia da OMT – Organização Mundial de Turismo. O PNMT vigorou entre 1994 e 2001, previa uma abordagem comunitária participativa e a formação de Conselhos e Planos de Turismo com uma proposta teoricamente ascendente, cujos fundamentos derivariam das bases da sociedade. Em 2003 foi criado o Ministério do Turismo (MTur), dando início a uma nova etapa na evolução das políticas brasileiras de turismo, por meio da reestruturação das funções da EMBRATUR – órgão agora destinado à promoção e apoio à comercialização turística internacional; e do MTur, com as Secretarias Nacionais de Políticas e de Programas de Turismo, que centralizam em um mesmo órgão programas existentes em outros órgãos de governo e na antiga EMBRATUR, bem como ficam responsáveis pela execução da Política Nacional de Turismo.
Educação em espaços não formais: diálogos entre Turismo e Educação
Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) através do Edital FAPERJ Nº 23/2014 - Programa Apoio à Instituição Estadual de Educação Superior a Distância e Divulgação Científica - Cecierj/Cederj – 2014
Número de processo: E-26/210.414/2014
Situação: concluído
Resumo: Dados recolhidos em pesquisa realizada com alunos do Curso de Licenciatura em Turismo alertou-nos para o papel social de um curso pioneiro ao atrelar o Turismo a Educação, pois entrevistas realizadas com alunos em fase de conclusão do referido Curso relataram a dificuldade de entendimento da proposta de aliar as ferramentas e/ou conhecimentos oriundos do arcabouço teórico do Turismo às práticas pedagógicas. Ressalta-se que em muitos casos, o ponto de convergência entre os dois saberes limita-se ao denominado Turismo Pedagógico; entretanto, este guarda aspecto mercadológico que foge a essência da prática pedagógica. Assim sendo, a elaboração de uma metodologia que adote as ferramentas ao turismo e cuja construção estará assentada no tripé ensino, pesquisa e extensão oferecida aos discentes do Curso de Licenciatura em Turismo, a ser aplicada juntamente com métodos tradicionais de ensino as crianças e jovens em fase escolar, é o projeto que se pretende desenvolver no âmbito do presente Edital. Através deste, acreditamos contribuir para a melhoria das práticas de ensino-aprendizagem; formação continuada de professores do ensino fundamental, médio e superior. Desta forma, a proposta apresentada envolve a implantação de uma metodologia, isto é, um conjunto de ações coordenadas voltada para o estabelecimento de um processo pedagógico onde os referenciais baseiam-se nos instrumentos oriundos do Turismo, tais como o deslocamento e a vivência in loco. Tal metodologia denominada pelos pesquisadores envolvidos na elaboração de projeto de Metodologia dos Circuitos Educativos é dirigida a crianças em fase escolar e busca-se que o discente do Curso de Licenciatura em Turismo seja na aplicação da metodologia proposta, o ator responsável por produzir processos educação em espaços não formais, através de circuitos educativos, auxiliando assim professores de distintas disciplinas na mitigação de dificuldades de aprendizagem. Pretende-se ainda, além de unir Turismo e Educação, defender e justificar a práxis dos egressos de um Curso de Licenciatura em Turismo.
Memória da Política Nacional de Turismo: uma análise a partir da Antropologia da Política
Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) através do Edital/Chamada Universal MCTI/CNPQ nº 01/2016
Número do processo: 402835/2016-6
Situação: em andamento
Resumo: A identificação e análise de discursos e trajetórias no contexto histórico anterior a instituição da Política Nacional de Turismo constitui o tema de pesquisa que se pretende desenvolver. Pesquisas realizadas pela autora deste projeto revelam que de 1938 a 1963 as questões relacionadas ao Turismo circularam por distintos órgãos e departamentos, indicando a ausência de um ordenamento de propostas e concepções para o setor. Se por um lado o marco dos esforços voltados para uma regulamentação oficial da atividade é remetida ao ano de 1938, documentos e entrevistas realizadas apontam para a formação de associações empresariais de classe atuantes no setor, como a Sociedade Brasileira de Turismo, em 1923 - a qual três anos depois associou-se a agências internacionais e passou a se chamar Touring Clube do Brasil; Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), fundada em 09 de novembro de 1936 e a Associação Brasileira de Agentes de Viagens (ABAV) fundada em 28 de dezembro de 1953. Desta forma, o objeto da proposta vem a ser a identificação e a análise dos discursos e trajetórias das três associações anteriormente citadas. Em termos analíticos, a pesquisa incide sobre o contexto histórico cultural, captados através das relações sociais e práticas culturais que contribuíram para que a partir de 1938, a atividade turística fosse pautada em termos de regulação oficial.
Pequenos agricultores do Rio da Prata de Campo Grande (RJ): Memória, Patrimônio e Turismo
Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), através do Edital Auxílio a Pesquisa – APQ1 – 2016
Número do processo: E-26/010.002266/2016
Situação: em andamento
Resumo: As terras do Campo Grande localizavam-se para além dos campos do Irajá e se estendia no século XVII pelas terras que atualmente compõem os bairros de Deodoro, Realengo, Padre Miguel, Bangu, Senador Camará, Campo Grande, Santíssimo, Inhoaíba e Cosmos. O cultivo do café nas terras do Campo Grande teve maior destaque na Fazenda do Mendanha e trouxe um breve período de opulência para região que veio posteriormente perder sua supremacia para os atuais municípios de Vassouras e Resende. Com a crise da cultura do café, iniciada no final do século XIX e persistindo no século seguinte, as terras de Campo Grande foram direcionadas para novas frentes de produção agrícola, tais como a olericultura e a citricultura. Até os anos 40, Campo Grande foi considerado a grande região produtora de laranjas, o que lhe rendeu o nome de “Citrolândia”, beneficiando-se da já existente Estrada de Ferro D. Pedro II. O dinamismo econômico dos sucessivos ciclos agrícolas consagrou a imagem da atual zona Oeste da cidade como o celeiro do Distrito Federal. Na década de 60, a especulação imobiliária avança na região a ponto de degradar as atividades agrícolas remanescentes e a partir dos de 1970 ocorre a instalação do denominado Parque dos bairros de Campo Grande e Santa Cruz. Tais décadas marcam um período de profundas transformações econômicas para a região. Dessa forma, a Zona Oeste deixava de ser famosa por sua importância fruticultora.
No confronto entre os remanescentes de uma cultura rural, traços de urbanização se insinuaram e nesse embate entre o “tradicional” e “novo”, foi criada a Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Estadual da Pedra Branca, com a intenção de preservar a região. É, portanto, no contexto dessa ambiguidade que se particulariza a Zona Oeste, ou seja, entre o rural e o urbano. Desta forma, analisando o conjunto de transformações que incide sobre a comunidade formada por pequenos agricultores do Rio da Prata, localizada no bairro de Campo Grande (RJ), que o presente projeto de pesquisa se debruça, objetivando investigar, não somente o resultado das atuais conjunturas jurídico-institucionais que permeiam o processo em tela, mas sobretudo, analisar as ressignificações de relações presentes na tensão entre passado e presente, urbano e rural que se apresentam no bojo da implantação da atividade turística na região.
Memória e Turismo: roteiros, trajetórias, discursos e subjetividades em construção
Financiado pela Coordenação de e Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) através do Edital nº 35/2017 - Chamada Pública de propostas de eventos científicos no âmbito do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP): número do processo: 88881.155226/2017-01 e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico através da Chamada MCTIC/CNPq/FINEP/FNDCT Nº 01/2017 - Auxílio à Promoção de Eventos Científicos, Tecnológicos e/ou de Inovação (ARC): número do processo: 407584/2017-0
Situação: concluído
Resumo: O denominado Cais do Valongo, localizado na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro (RJ), foi no período em que vigorou o regime escravagista no Brasil, o principal ponto de desembarque de africanos escravizados no país e nas Américas. Em 2016, o local já reconhecido como patrimônio carioca e nacional, foi efetivamente visibilizado devido as obras de revitalização da região do atual Porto Maravilha quando escavações realizadas no local encontrou inúmeros objetos que datam do período em que este espaço abrigou o portão de entrada dos africanos escravizados. O processo de candidatura do Cais do Valongo a patrimônio da humanidade é uma fase da “biografia cultural” daquele espaço, transformado em monumento e aberto à visitação pública ao integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana e que caso seja inscrito na lista de patrimônios mundial da humanidade, representará conforme discursos do IPHAN e da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro “o reconhecimento do seu valor universal excepcional, como memória da violência contra a humanidade representada pela escravidão...” (Página virtual do IPHAN).
O caso do Cais do Valongo é desta forma, o inspirador de um conjunto de reflexões que estão atreladas as Linhas de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e entendendo que a produção do conhecimento deve estar em diálogo permanente com a sociedade em seus contextos nacional e internacional propõe-se para o presente Edital o III Seminário Internacional em Memória Social (III SIM) que vem a ser um evento científico onde a memória, enquanto campo de disputas permeado por distintos processos de produção e articulação das lembranças e esquecimentos dos diferentes sujeitos sociais, será a chave para a expansão de discussões que perpassam questões que envolvem os debates sobre diásporas, sentidos atribuídos à religiões, revitalização de espaços, planejamento urbano, memórias traumáticas, patrimonialização, relações entre os contextos local e global.
A despeito das inúmeras formas de exploração teórica do caso do Cais do Valongo, uma questão particular chamou a atenção das idealizadoras da presente proposta: o fato de todos os debates articularem a discussão ao turismo. Assim sendo, a construção de uma memória da diáspora africana com base material na região portuária da cidade do Rio de Janeiro insere-se, sobretudo, em uma perspectiva mercantil e desta forma, cabe um lugar especial na reflexão sobre turismo. Há de se considerar que o projeto urbanístico Porto Maravilha ganha relevância no contexto dos megaeventos que a cidade do Rio de Janeiro sediou ao longo dos últimos 6 anos, onde o discurso envolvendo os supostos benefícios econômicos que sempre estão associados a atividade turística, justificava uma série de ações e intervenções. Tal constatação conduz a observação de que o Turismo guarda uma relação complexa e intrincada com a memória, pois em locais patrimonializados, o turismo via de regra se faz presente de forma que a memória se torna disponível como produto turístico.
No III SIM, o caso do Cais do Valongo inspira questões onde o caráter interdisciplinar dos estudos sobre memória fornece farto material reflexivo e reveladores da realidade social do tempo presente; entretanto, chama a atenção o papel do turismo neste mesmo processo. Considerando que os interesses do mercado jogam papel decisivo em processos de patrimonialização, propomos a realização de um evento científico, onde memória e turismo serão a tônica dos debates.
Do alimento ao paladar: a construção de identidades culturais através do turismo
Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), através do Programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE) destinado a apoiar projetos coordenados por pesquisadores de reconhecida liderança em sua área - Edital nº 10/2019
Número do processo: E_26/202.007/2019
Situação: em andamento
Resumo: As formas de preparação e consumo dos alimentos estão intimamente relacionadas ao sistema de relações sociais e simbólicas. De acordo com o Gonçalves (2004) todas as sociedades ou culturas humanas elaboram formas de distinção entre a fome e o paladar; sendo as regras culturais e não as necessidades biológicas, responsáveis pela elaboração de sistemas alimentares. A fome, enquanto necessidade natural é satisfeita com qualquer tipo de alimento e o paladar estaria associado a formas específicas de preparação, apresentação e consumo dos alimentos e, neste contexto, os grupos sociais se distinguem entre si. Na fronteira entre natureza e cultura, a alimentação ao ser percebida como um ato cultural; envolve uma série de valores e significados, em decorrência de processos de escolhas, classificações, representações sociais acerca de tal processo. Desta forma, é possível pensar a alimentação como um sistema simbólico.
Mintz (2001) destacou “... Dificilmente outro comportamento atrai tão rapidamente a atenção de um estranho como a maneira que se come: o quê, onde, como e com que frequência comemos, e como nos sentimos em relação à comida. O comportamento relativo à comida liga-se diretamente ao sentido de nós mesmos e à nossa identidade social, e isso parece valer para todos os seres humanos...”. Assim sendo, a proposta do presente projeto de pesquisa é entender como se dá a construção e /ou reconstrução de identidades culturais a partir de seus sistemas culinários e o papel do turismo nessa construção. Desta forma, pretende-se colaborar para desencadear as potencialidades da gastronomia na atividade turística e fortalecer modos de vidas sustentáveis na cidade e no campo. Para tal empreendimento, serão pesquisados os sistemas culinários que se evidenciam nas doze regiões turísticas do estado do Rio de Janeiro.